Dizem que quem vive de passado é museu. Mas eu prefiro
o ditado que claramente descreve o sentido desta publicação: RECORDAR É VIVER. Principalmente
quando essas recordações vem de um passado brilhante e relevante no que diz
respeito ao presente e futuro.
Essa é a nova edição do ‘Back To Black’, uma das colunas da sua revista preta eletrônica, a Rolling Soul. Nesse espaço semanal relembramos artistas e momentos importantes na trajetória da Black Music mundial.
Essa semana estamos relembrando uns caras e uma mina que fizeram muito barulho nos anos 90. Com uma mistura alucinante de ritmos, letras, rimas e vocais, que variam de metralhadoras em fúria à maciez do cantar de uma Diva Negra, eles ganharam o mundo e fizeram história.
A década é 90, a mistura é louca e não é pouca, indo do Reggae enraizado em Bob Marley, passeando pelo Folk, o Soul, com pé forte no Crioulo e terminando num mergulho profundo na batida forte e consistente do Hip-Hop. Agora pegue essa mistura e aplique na veia de dois Rappers de estilos perceptivelmente diferentes de rimar e de uma Rapper e Cantora (sim com “C” maiúsculo mesmo) LINDA. Feito isso, temos o melhor grupo de Rap da história: THE FUGEES.

Tudo começou em 1993, quando a vocalista de New Jersey, Lauryn Hill - criada no subúrbio de South Orange, escutando joias que iam de Curtis Mayfield e Aretha Franklin à Gladys Knights – conheceu, através de um amigo de escola, um cara chamado Pras Michel, nascido e criado no Brooklyn, Nova York, mas de família Haitiana refugiada nos EUA. Feito esse contato, Lauryn e Pras desenvolveram a ideia de criarem um grupo de Rap que rimaria em diferentes línguas. Desta ideia inicial surgiu o primeiro nome do grupo: Tranzlator Crew (algo como “Equipe Tradutora”). No grupo ainda tinha uma outra vocalista de nome desconhecido.
Wyclef
foi o primeiro a se aventurar solo. Além de produzir hits para artistas como
Destiny’s Child, com "No, No, No (Part 2)" (#3 pop, #1 RnB, 1997) e
Carlos Santana "Maria, Maria" (#1 U.S Billboard Hot 100, #1 US Billboard RnB/Hip-Hop Songs), ele lançou seu MARAVILHOSO primeiro álbum solo,
o “The Carnival” (#16 pop, #4 R&B, 1997). Esse disco é uma verdadeira festa de celebração
às suas raízes Haitianas, as faixas "Yelé" e "Jaspora" são raps em dialeto
Haitiano. Mas os destaques do álbum ficaram por conta de "We Trying To Stay Alive" (#45 pop, #14 R&B, 1997), "Guantanamera" (#23
R&B, 1997) – Guatanamera trazia ainda a ilustre presençe da Diva Latina, Célia Cruz e da coleguinha do Wyclef, a Lauryn Hill, que por sinal me hipnotiza
cantando em uma janela no vídeo de "Guantanamera" , tal qual uma Deusa Africana – e "Gone Till November" (#7 pop, #9 R&B, 1998).
Essa é a nova edição do ‘Back To Black’, uma das colunas da sua revista preta eletrônica, a Rolling Soul. Nesse espaço semanal relembramos artistas e momentos importantes na trajetória da Black Music mundial.
Essa semana estamos relembrando uns caras e uma mina que fizeram muito barulho nos anos 90. Com uma mistura alucinante de ritmos, letras, rimas e vocais, que variam de metralhadoras em fúria à maciez do cantar de uma Diva Negra, eles ganharam o mundo e fizeram história.
A década é 90, a mistura é louca e não é pouca, indo do Reggae enraizado em Bob Marley, passeando pelo Folk, o Soul, com pé forte no Crioulo e terminando num mergulho profundo na batida forte e consistente do Hip-Hop. Agora pegue essa mistura e aplique na veia de dois Rappers de estilos perceptivelmente diferentes de rimar e de uma Rapper e Cantora (sim com “C” maiúsculo mesmo) LINDA. Feito isso, temos o melhor grupo de Rap da história: THE FUGEES.

Tudo começou em 1993, quando a vocalista de New Jersey, Lauryn Hill - criada no subúrbio de South Orange, escutando joias que iam de Curtis Mayfield e Aretha Franklin à Gladys Knights – conheceu, através de um amigo de escola, um cara chamado Pras Michel, nascido e criado no Brooklyn, Nova York, mas de família Haitiana refugiada nos EUA. Feito esse contato, Lauryn e Pras desenvolveram a ideia de criarem um grupo de Rap que rimaria em diferentes línguas. Desta ideia inicial surgiu o primeiro nome do grupo: Tranzlator Crew (algo como “Equipe Tradutora”). No grupo ainda tinha uma outra vocalista de nome desconhecido.
Certo dia, um primo multi-instrumentista
do Pras resolveu ir conhecer a “bandinha” de seu parente. Esse cara é o grande Wyclef
Jean, Haitiano também refugiado nos EUA, que logo substituiu a outra vocalista do
grupo e se tornou o terceiro membro do trio. A partir de então o grupo passou
a se chamar “Fugees” (Fugitivos), uma maneira depreciativa de se referir à
aqueles que saíram de sua terra natal para se “refugiar” nos EUA, situação da
família dos integrantes do grupo.
Finalmente em 1994, eles assinaram com a Ruffhouse, mesma gravadora que
revelou o grupo de Rap Latino, Crypres Hill. Com a Ruffhouse os garotos
lançaram o seu primeiro álbum, “Blunted on Reality”, apesar de ser uma
produção artesanal e do álbum não ter sido um grande sucesso (#62 nos charts
de R&B, 1994), o disco (um dos meus favoritos ever) é sem dúvida uma joia preciosa
para os amantes do verdadeiro Hip-Hop. O álbum teve 3 singles: "Boof Baf", "Nappy Heads" e "Vocab". Essas duas últimas se tornaram hits no cenário 'underground', mas sem muita repercussão nos demais charts (o que não quer dizer muita coisa).
"Blunted On Reality" - 1º álbum do Fugees (1994) |
Mas os ventos começaram a soprar a favor do trio. No começo de 1996, eles
lançaram seu segundo álbum, que para o mundo foi o 1º, pois foi com esse álbum intitulado “The
Score” (#1 pop, #1 R&B, 1996) que eles romperam barreiras e
representaram, muito bem, o poder do Rap mundo afora. Trazendo um discurso político
e uma sonoridade diferente de tudo que se tocava na época, o disco estourou e se
tornou um dos álbuns de Hip-Hop mais vendidos da história. Apesar do forte teor
politico, o álbum também teve seu momento “POP”, o cover do clássico dos anos
70, “Killing Me Softly”, sucesso na voz de Roberta Flack, se tornou o maior hit
do grupo alcançando o #2 nos charts Pops e #1 nos charts de RnB. O single, "Killing Me Softly", rendeu ao grupo o Grammy de “Melhor Performance de RnB por Dupla ou Grupo Vocal”.
A música é praticamente um solo da Lauryn Hill, mostrando sua potência como vocalista.
Eles pretendiam mudar um pouco a letra, acrescentar versos de Rap, mas os
autores da versão original não permitiram. Outras faixas do “The Score” que foram
bem executadas foram: "Fu-Ge-Laa" (#29 pop, #13 R&B,
1995), "Ready Or Not" (#22 R&B, 1996), e o cover do classico de Bob
Marley, "No Woman, Not Cry" (#38 pop, #58 R&B, 1996), que conta com a participação de Steve Marley, filho do Rei. Todos esses
hits ajudaram o “The Score” a abocanhar o Grammy de “Melhor Album de Rap”.
“The Score” quebrou recordes, vendeu mais de 17.000.000 de cópias e
deu ao Fugees o título de grupo de Rap que mais vendeu até aquele momento.
The Score - 2º álbum do Fugees (1996) |
Ainda em 1996, o Fugees colocou nas prateleiras o “Bootleg Versions” (#50
R&B), uma espécie de coletânea de remixes e faixas não lançadas. A partir
daí o grupo se separou e cada um dos integrantes se dedicou aos seus projetos solos.
Bootleg Versions (1996) - 3º lançamento do Fugees, compilação de remixes e faixas não lançadas |
The Carnival - 1º álbum solo do Wyclef Jean (1998) |
Em seguida foi a vez de Pras “andar sozinho”, com seu álbum solo "Guetto Superstar" (#55 pop, #35 R&B, 1998). Ele não estava tão só, além de contar
com participação de artistas como Mya, Ol’ Dirty Bastard, e outros, ele teve
uma mãozinha de seu primo e amigo/colega Wyclef Jean. Pras também fez alguns filmes.
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Guetto Superstar (1998) - 1º álbum solo de Pras |
Mas de todos os solos a que alcançou o topo foi Lauryn Hill em 1998, com seu PERFEITO,
REVOLUCIONÁRIO, INCRÍVEL...(nem sei como descrever esse álbum) “The Miseducation
of Lauryn Hill” (#1 pop, #1 R&B, 1998). Com esse álbum a nega
dominou a música Black/Pop em 1998. Nessa época ela já estava casada com Rohan
Marley (filho de Bob Marley) e já tinha um filho, Zion (inspiração de uma de suas canções). O álbum teve hits como "Doo Wop (That Thing)" (#1 pop, #2 R&B, 1998), "Nothing Even Matters (ft. D'Angelo)" (#25
R&B, 1999), "To Zion (ft. Carlos Santana) (#77 R&B, 1999), e "Everything Is Everything" (#35 pop, #14 R&B, 1999). Além de "Lost Ones" (#27 R&B,
1998) e "Ex-Factor" (#7 R&B, 1999), que ajudaram a aumentar os rumores
de que o fim de uma “tal” relação amorosa entre ela e seu “mano” de grupo,
Wyclef, teria sido o motivo da separação do Fugees. Em 1999 ninguém segurou a Lauryn,
ela levou 5 Grammys: “Album do Ano”, “Melhor album de RnB”, “Melhor Artista
Revelação”, “Melhor Performance de Vocal Femino no RnB”, e “Melhor Canção de
RnB”. Ao redor do mundo o álbum vendeu mais de 19.000.000 de cópias e é considerado uma das pedras fundamentais do movimento Neo Soul.
Antes de estourar com o Fugees, a Lauryn também atuou em uma novela e no filme “Mudança de Hábito 2”(1993).
The Miseducation Of Lauryn Hill (1998) - 1º álbum solo da Lauryn |
Em carreira solo, além dos trabalhos citados, todos os integrantes fizeram
aparições nos trabalhos de outros artistas, e lançaram outros álbuns. Wyclef
lançou mais 8 albuns e uma coletânea de Hits, Pras lançou um álbum digital, e Lauryn
lançou seu Acústico MTV (CD/DVD).
Em 1998 o grupo se reuniu para gravar o clipe da bonitinha "Just Happy to
Be Me", para “Sesame Street”.
Em
2003 saiu a coletânea “Greatest Hits”, com os sucessos do grupo.
No ano de 2004 o grupo voltou a
se reunir para uma performance exclusiva no filme/documentário "Dave Chappelle Block Party" .
Em
2005, depois de 10 anos sem aparecerem juntos na TV, eles abriram a premiação
do Bet Awards, com uma memorável performance de 12 minutos, onde fizeram um
medley com "Ready Or Not / Fu Gee La / Killing Me Softly".
Nesse mesmo ano fizeram uma Tour Européia e vazou uma faixa chamada “Take It Easy” - uma das coisas mais fracas que o grupo já produziu – que sugeria o
lançamento de um terceiro album que nunca foi lançado.
Em 2006, depois da Turnê, os
fãs do Fugees sofreram mais uma vez por mais um alarme falso, dessa vez o
alarme falso se chama "Foxy", outra música vazada que seria o tal single oficial
do retorno que, novamente, não aconteceu.
Nessa época os integrantes, Pras e Wyclef, declararam publicamente que não haveria mais uma reunião do grupo. Pras disse que jamais trabalharia ao lado de Lauryn novamente, mas continua mantendo contato com ela, e Wyclef sugeriu que, talvez, depois de um bom tratamento psiquiátrico a Lauryn possa estar em condições de se reunir com eles e fazerem um retorno decente para os fãs. Por motivos desconhecidos Lauryn e Wyclef não se falam mais.
Enquanto esse retorno não acontece ficamos com o legado importante que esse grupo deixou, não só musicalmente falando, mas também pela valorização da cultura negra e por todo o engajamento social e político do grupo e de seus integrantes separadamente.
Nessa época os integrantes, Pras e Wyclef, declararam publicamente que não haveria mais uma reunião do grupo. Pras disse que jamais trabalharia ao lado de Lauryn novamente, mas continua mantendo contato com ela, e Wyclef sugeriu que, talvez, depois de um bom tratamento psiquiátrico a Lauryn possa estar em condições de se reunir com eles e fazerem um retorno decente para os fãs. Por motivos desconhecidos Lauryn e Wyclef não se falam mais.
Enquanto esse retorno não acontece ficamos com o legado importante que esse grupo deixou, não só musicalmente falando, mas também pela valorização da cultura negra e por todo o engajamento social e político do grupo e de seus integrantes separadamente.
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